Água por todos os lados, esgotos transbordando, túneis submersos, pânico, pessoas perdidas nas ruas, polícia ajudando, bombeiros salvando, barcos de resgate… Não, não estamos falando de São Paulo , ou do Rio da semana passada, ou de Belo Horizonte, mas de Paris. Isso mesmo, há 100 anos, Paris conheceu uma das maiores inundações de sua história. O Rio Sena, o belo Sena, invadiu a cidade atingindo 20 metros acima do seu nível normal. Em 28 de janeiro de 1910 Paris parou, e literalmente afundou.
Depois de uma chuva intensa durante quase todo o mês, a capital francesa foi saturada pelo Sena e simplesmente imergiu como não se via desde o ano de 1650. Segundo dados da época, a força das águas subterrâneas destruiu mais de 20 mil edifícios deixando mais de 200 mil parisienses sem teto.
A eletricidade (nova na época) desapareceu, os túneis do metrô (novos para a época) foram inundados e a cidade ficou em ruínas, mesmo depois de semanas do dilúvio de 28 de janeiro. Tudo começou em 20 de janeiro, quando a navegação no rio foi interrompida. No sábado, 22, o metrô foi inundado e dois dias depois o nível das águas chega a mais de 7 metros . Na noite de 24, usinas químicas em Ivry explodem em contato com as águas, e em 25 de janeiro todas as bombas de água do rio estão completamente paralisadas. Só em 2 de fevereiro a praça Palais Bourbon conseguiu emergir. A inundação durou 45 dias e os prejuízos superaram 400 milhões de francos (algo perto de 1,5 bilhão de dólares em moeda recente).
Por ocasião do centésimo aniversário do dilúvio, o escritor e professor Jeffrey H. Jackson capturou, pela primeira vez, o drama dos acontecimentos daquele 28 de janeiro. Recém-lançada, a obra “Paris Under Water: How The City Of Light Survived The Great Flood Of 1910” narra uma das mais brutais lutas de uma cidade contra a natureza das chuvas. Quem gosta de Paris não pode deixar de ver as fotos da época (clique aqui). Cem anos depois, Paris aprendeu e nunca mais passou por algo perto do que ocorreu. E nós, aprendemos com nossos dilúvios diários?
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